quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Venenos do Bem




Revista Viva Saúde


Venenos do bem


Há uma boa razão para os cientistas desejarem ficar perto da viúvanegra, do monstro de Gila, da taturana e da surucucu. Segundo eles, esses animais peçonhentos escondem a fórmula de novos remédios para diabetes, trombose, esclerose múltipla, lúpus e até disfunção erétil



Um monstro contra o diabetes 


Desde os anos 80, a comunidade científica está de olho no monstro de Gila, o maior lagarto venenoso, que vive nos Estados Unidos. Na secreção salivar desse animal, os pesquisadores encontraram uma substância, chamada exedina 4, que tem ação semelhante à do hormônio GLP-1 do sistema digestivo humano, ou seja, tem a função de restaurar a produção de insulina quando o paciente se alimenta.


A partir dessa descoberta, duas empresas - a Amylin Pharmaceuticals e a Eli Lilly - desenvolveram em 1996 um composto sintético, a exenatida, que promete ajudar no controle do diabetes tipo 2 (versão mais comum da doença, desencadeada por maus hábitos alimentares e obesidade). Com o nome Byetta, esse princípio ativo é comercializado nos Estados Unidos desde junho deste ano e deve estar disponível no Brasil em 2006. "Estudos feitos com 1. 400 pessoas e apresentados há dois meses no Congresso da Associação Americana de Diabetes, em San Diego, mostraram que a nova droga reduz o nível médio de açúcar no sangue e não aumenta o peso dos pacientes, fato comum em 90% dos diabéticos", explica a médica Adriana Forti, diretora do Centro de Diabetes e Hipertensão da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Ela relata que voluntários chegaram a perder peso durante o tratamento.

Os hipertensos foram os primeiros a se beneficiar com a transformação de substâncias venenosas em medicamentos. O Captopril, um dos remédios mais usados no combate à doença, é derivado do veneno da jararaca

Outra vantagem da droga é que o uso constante não provoca hipoglicemia, além de melhorar os resultados da glicohemoglobina, exame periódico que mede as variações de glicemia nos últimos 40/50 dias. O único efeito adverso observado foram as náuseas. "Mas são sintomas transitórios e ninguém quis interromper a medicação por causa deles", garante a especialista.
Para completar, uma reação importante foi observada nos testes e pode significar uma esperança futura a quem sofre com o diabetes tipo 1, caracterizado pelo mau funcionamento do pâncreas, que passa a não produzir mais insulina. Isso porque a exenatida mostrou ser capaz de regenerar as células beta-pancreáticas (o tecido desse órgão responsável pela fabricação da substância). Por enquanto, isso só foi verificado nas análises feitas nos organismos dos animais, mas os especialistas acham que pode ocorrer algo semelhante com os humanos.



fonte http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/16/artigo9971-2.asp/

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