sábado, 5 de setembro de 2015

Espécies raras são maiores vítimas do desmatamento na Amazônia

 01/09/2015


A floresta amazônica abriga tantas espécies em sua fauna que a ciência ainda não conseguiu descrever e catalogar todas elas. Com o avanço do desmatamento pode ocorrer uma pasteurização dessa diversidade, com os animais mais raros perdendo seus habitats para os animais comuns. Essa simplificação da vida na floresta é chamada de “homogeneização biótica”, e um estudo, publicado no mês de agosto na revista científica Ecology Letters procurou avaliar se esse fenômeno está acontecendo nas áreas desmatadas e de degradação florestal na Amazônia.
Essa simplificação acontece porque as espécies têm estratégias diferentes de sobrevivência. Algumas são especialistas e só sobrevivem em locais muito específicos, com uma dieta restrita. Outras são generalistas, apresentam hábitos alimentares mais variados e se espalham por muitas áreas. As duas estratégias funcionam bem, até a ação humana começar a alterar os ecossistemas. O desmatamento de uma área compromete a sobrevivência dos especialistas e abre espaço para os generalistas. Por isso, a paisagem começa a ficar homogênea: apenas um tipo de espécie sobrevive.
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Cabeça-de-prata, espécie de pássaro que só pode ser encontrado na Amazônia (Foto: Alex Lees)
O estudo intitulado How pervasive is biotic homogenization in human-modified tropical forest landscape tentou avaliar se essa homogeneização está de fato acontecendo na Amazônia. Por isso, os pesquisadores coletaram amostras e contaram espécies de pássaros, besouros, plantas, abelhas e formigas em 335 locais da Amazônia. Essas áreas foram divididas de acordo com o estado de conservação: desde florestas primárias, que não sofreram nenhum tipo de degradação, até áreas completamente desmatadas, passando por todos os estágios entre eles.
Sem grandes surpresas, o estudo identificou que áreas de florestas que foram totalmente substituídas pelo pasto ou agricultura sofreram com essa simplificação da biodiversidade. Caiu o número de animais e plantas nessas áreas, e não há diversidade entre as espécies de uma área desmatada para outra – são praticamente os mesmos tipos de abelhas, formigas e pássaros que aparecem em áreas desmatadas diferentes.
Segundo o pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, Ricardo Solar, autor principal do estudo, esses resultados têm implicações importantes nas políticas brasileiras para a proteção da floresta. Uma delas é que vale a pena preservar mesmo áreas em alto estágio de degradação. “O ideal é evitar o degradação, porque ela diminui o número de espécies. Mas uma vez que a área já foi degradada, ainda assim é importante manter essa área para conservação”, explicou.
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