domingo, 6 de setembro de 2015

Brasileiros descobrem nova espécie de morcego e corrigem erro de mais de 100 anos


Lonchophylla
Morcego do gênero Lonchophylla recebeu classificação errada há mais de um século


De uma forma totalmente inesperada, cientistas brasileiros descobriram uma nova espécie de morcego e corrigiram um erro científico que se propagou por mais de um século. A nova espécie foi identificada quando os pesquisadores realizavam, em coleções de museus, estudos sobre o gênero Lonchophylla, morcegos que se alimentam de néctar. Batizado de Lonchophylla inexpectata – em alusão ao caráter inesperado da descoberta –, o "novo" morcego foi coletado pela primeira vez no início do século 20, mas acabou sendo registrado, na época, como pertencente à espécie Lonchophylla mordax.

O equívoco perdurou até a semana passada, quando Ricardo Moratelli, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Mata Atlântica e Daniela Dias, da Fiocruz, descreveram a nova espécie na revista científica ZooKeys.

Ao avaliar os espécimes reconhecidos no Brasil como representativos do gênero Lonchophylla, os cientistas perceberam que alguns deles tinham o pelo mais claro na região ventral. Eles concluíram que essa característica – até então considerada uma mera variação da coloração – era uma característica típica de uma nova espécie. Um exame mais minucioso do novo animal revelou que a morfologia de seu crânio e dos seus dentes não eram consistentes com as do L. Mordax.

"Desde 1908, os pesquisadores brasileiros acreditavam que essa espécie de ventre claro era o L. mordax. Era justamente esse ventre claro que nós usávamos para reconhecer a espécie em campo", disse Moratelli à reportagem. Durante o processo de revisão, no entanto, os cientistas perceberam que o morcego de ventre claro tinha características que não eram consistentes com a descrição do L. mordax.

Eles resolveram então fazer algo que nenhum outro pesquisador havia feito: estudar o material original que fundamentou a classificação, em 1905. "Era totalmente diferente. Tudo o que chamávamos de L. mordax até hoje, era na verdade outra espécie", declarou.

O resultado disso, segundo Moratelli, é que agora os cientistas conhecem razoavelmente bem a "nova" espécie, L. inexpectata, mas não sabem quase nada sobre o L. mordax, descoberto em 1905.

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