quarta-feira, 5 de agosto de 2015

O Gênero Paraponera


Paraponera clavata, a única espécie viva que compõe o gênero Paraponera.
Foto: Alex Wild


Paraponera Smith, 1858 é um gênero de formigas da subfamília Paraponerinae (Bolton 2013a). É o único gênero na subfamília e consiste em duas espécies: a existente Paraponera clavata, também conhecida como formiga-bala, encontrada nos neotrópicos, e pequena espécie fóssil Paraponera dieteri Baroni Urbani, 1994 conhecida a partir do âmbar Dominicano (Mioceno; 16-19 milhões de anos atrás) (Bolton 2013b).




A ocorrência de Paraponera clavata é Neotropical, ou seja, endêmica na costa do Atlântico, desde as florestas tropicais do sul da Nicarágua até a Amazônia; na Costa Rica, é encontrada em áreas elevadas com mais de 500 metros de altitude.



Paraponera clavata.
Fotos: AntWeb

As formigas operárias medem 18-30 milímetros de comprimento (Brown & Feener 1991) e assemelham-se a robustas vespas sem asas, preto-avermelhadas. A espécie é predatória, e como todos os primitivos poneromorfos, não exibe polimorfismo na casta das operárias; a formiga rainha não é muito maior do que as operárias (Morgan 2009).


Paraponera clavata, a formiga-bala, carregando uma gota de água entre suas mandíbulas.
Fotos: NatGeo (esquerda) e Alex Wild (direita).


Paraponera é eusocial, embora relativamente primitiva. A rainha é ligeiramente maior que as operárias (modificação para produção de ovos). As colônias maduras são pequenas e contém algumas centenas de formigas. As operárias apresentam tamanhos baseados na divisão de trabalho: as menores cuidam dos ovos e larvas e as maiores atuam como soldados protegendo o ninho, ou fazem os forrageamento. Novas colonizações são iniciadas por rainhas solitárias, o que faz com que as colônias, depois de estabilizadas, apresentem monoginia, ou seja, uma única rainha acasalada produz todos os ovos.

As colônias consistem de várias centenas de indivíduos e estão geralmente situadas nas bases das árvores. As operárias forrageiam em árvores em área diretamente acima do ninho,  procurando pequenos artrópodes emelada (honeydew), muitas vezes no dossel superior; pouco forrageamento ocorre no chão da floresta. A melada, carregado entre as mandíbulas, é o alimento mais comum levado de volta para o ninho por forrageiras.



A espécie Paraponera clavata pode chegar a medir 3 centímetros de comprimento.
Fotos: Fotolog (esquerda) e Ants Kalytta (direita)


Dois estudos na Costa Rica e na Ilha Barro Colorado encontraram cerca de quatro ninhos por hectare de floresta. Na Ilha Barro Colorado os ninhos foram encontrados sob 70 espécies de árvores, seis espécies de arbustos, duas espécies de lianas e uma espécie de palmeira. Os ninhos eram mais comum sob as copas deFaramea occidentalis e Trichilia tuberculata, mas estas árvores também são as mais abundantes na floresta. Os ninhos estavam presentes mais frequentemente do que seria esperado com base na abundância das árvores sob Alseis blackianaTabernaemontana arboreaVirola sebiferaGuaria guidonia e Oecocarpus mapoura. O grande número de ninhos em várias plantas sugere pouca seleção ativa dos locais de nidificação de Paraponera clavata. Pequenos arbustos, no entanto, são pouco utilizados, provavelmente porque eles não fornecem acesso ao dossel da floresta. O estudo na Ilha Barro Colorado concluiu que árvores com sapopemas e nectários extraflorais podem ser selecionadas pelas formigas (Belk et al. 1989).



A diferença entre a operária de Paraponera clavata  (esquerda) e a rainha (direita) é muito pequena.
Fotos: Alex Wild (esquerda) e Robert Pickett/Papillo/Alamy (direita)


A picada da Paraponera clavata é extremamente severa, tendo sido classificada por Justin Schmidit, um renomado entomologista estadunidense, com um "4.0+" em sua tabela de classificação de dor causada por insetos, que vai de 1.0 a 4.0. A dor sentida é descrita como "estar andando sobre carvão em chamas com um prego enferrujado de 3 polegadas fincado no seu calcanhar".

Conforme algumas vítimas, a dor da picada é igual a ser baleado, daí o nome do inseto, formiga-bala. Ele é descrito como causador de "ondas de queimação, latejante, dor que continua inabalável por até 24 horas". Supõe-se que a formiga evoluiu seu ferrão para afastar predadores que normalmente as desenterra. Poneratoxin, um peptídeo neurotóxico paralisante isolado do veneno, afeta canais e blocos de íons de sódio dependentes da voltagem da transmissão sináptica no sistema nervoso central. Ele está sendo investigado para possíveis aplicações médicas (Szolajska 2004, Gerritsen 2001).

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