quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Quando o veneno vira remédio

Um experimento brasileiro coloca a toxina da abelha como uma promessa de tratamento contra artrites. É a ciência desvendando, aos poucos, o potencial terapêutico das temidas picadas

ANTÍDOTO CONTRA O VENENO


O soro antiabelha criado no Brasil promete anular os efeitos, muitas vezes letais, dos ataques de enxames


Quem dá o azar de topar com uma colmeia pode ser obrigado a encarar, em franca desvantagem, centenas de abelhas munidas de ferrões. "Quando uma pessoa é picada por cerca de 200 insetos, toxinas presentes no veneno afetam os rins, o fígado e o coração, podendo levar à morte por falência múltipla de órgãos", explica a bióloga Keity Souza, da Universidade de São Paulo, que desde 2008 se empenha no desenvolvimento de um soro capaz de neutralizar esse efeito devastador. "Extraímos o veneno de abelhas africanizadas, as mais comuns no Brasil, e o injetamos em cavalos", conta a especialista. "Esses animais passam a produzir, então, anticorpos e, quando eles chegam a níveis adequados, colhemos o sangue do bicho e utilizamos o plasma, onde se concentram essas substâncias", descreve. Até o momento, em experimentos com ratos, o soro se mostrou eficaz. "Agora estamos desenvolvendo um terceiro lote do medicamento para que possamos iniciar os testes em seres humanos."

por ADRIANA TOLEDO, DIOGO SPONCHIATO e THEO RUPRECHT | design PILKER




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