RODRIGO DE OLIVEIRA ANDRADE | Edição Online 18:21 6 de fevereiro de 2015
Durante fuga, escorpiões perdem a cauda
Pesquisadores identificam mecanismo de defesa semelhante ao de aranhas e lagartixas em 14 espécies
Um mecanismo de sobrevivência bastante eficiente e usado por muitas espécies de aranhas, lagartixas e opiliões parece ser comum também entre escorpiões: a autotomia, capacidade de soltar partes do corpo, automutilando-se, como meio de defesa contra predadores. No caso das aranhas e lagartixas esses membros se regeneram depois de algum tempo — a cauda da lagartixa, por exemplo, cresce como antes. Mas os escorpiões adultos do gênero Ananteris pagam um preço maior, a cauda não volta a crescer. Sem ela, esses artrópodes não têm como atacar suas presas ou se defender de predadores. As desvantagens vão além. Perder a cauda, com o ferrão na ponta, significa também ficar sem parte do sistema digestivo e o ânus.
A inusitada constatação é de um grupo internacional de pesquisadores, entre eles biólogos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP). Em um estudo publicado em janeiro na revista PloS One, eles observaram que, ao segurar a cauda de escorpiões com uma pinça, os animais, em segundos, se desprendiam delas em pontos específicos. Mesmo solta, a ponta continuava a se mexer, enquanto o escorpião fugia. Esse comportamento foi registrado em 14 espécies de escorpião, sobretudo entre machos adultos. Uma possível explicação seria a diferença no comportamento reprodutivo entre machos e fêmeas. Escorpiões machos são mais ágeis e tendem a vagar em busca de fêmeas durante a época de reprodução. Com isso, acabam se expondo a maiores riscos.
Saiba mais
Artigo científico
Mattoni, C. I. et al. Scorpion sheds ‘tail’ to escape: Consequences and implications of autotomy in scorpions (Buthidae: Ananteris). PloS One. v. 10, n. 1, p. 1-15. Jan. 2015.
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0116639
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